Em qualquer tipo de exercício ou atividade física, o alimento pode ser um fator de sucesso ou atrapalhar completamente.
Saber escolher o combustível adequado permitirá que o corpo se movimente com mais liberdade, utilizando da melhor forma as reservas disponíveis para que o sistema digestivo não reclame e, enfim, que dancemos de bom humor.
É fácil de entender porque uma refeição pesada pode nos atrapalhar.
Durante o exercício, precisamos de uma ótima circulação sanguínea nos músculos e no cérebro.
Ao receber alimento, o estômago também solicita um maior fluxo sanguíneo para poder fazer a digestão; se o alimento for muito “pesado” (gorduroso ou proteico), o estômago precisará ainda mais fluxo sanguíneo, e de mais tempo para vencer esta difícil tarefa digestiva. E nesta competição entre aparelho locomotor e digestivo, ambos saem perdendo: aparecem a azia, a halitose, a náusea e as cólicas intestinais, entre outros.
O desempenho físico também cai muito: tornamo-nos mais lentos, cansados, sem fôlego, e manter o abdome na posição correta torna-se quase impossível.
Saber o tempo da alimentação antes da dança, ou, até mesmo, se é aconselhável comer durante a prática da dança, são questões importantes.
Alimentos saudáveis ingeridos até duas horas antes são uma boa fonte de energia e não devem atrapalhar o desempenho do dançarino.
Já refeições muito volumosas, com carnes e gorduras, podem demorar até 6 horas para saírem do estômago, e não são uma boa opção antes de qualquer exercício físico.
Por outro lado, também não se recomenda dançar em jejum absoluto de mais de 6 horas.
Queremos que haja glicogênio (a energia disponível no músculo) suficiente para que nossos músculos e nosso cérebro funcionem muito bem.
Se formos dançar por uma hora ou menos, com pausas, carboidratos com pouca gordura são a melhor opção:
Pães e biscoitos não amanteigados, barras de cereais, frutas como banana ou maçã, sucos de frutas sem açúcar adicional.
Este pode ser o caso de uma aula regular, em que você vai aprender passos novos e haverá várias pausas para correções; ou então em um baile, em que não se dançará ininterruptamente.
Em práticas de até uma hora, se a sua alimentação habitual for adequada, não é necessário alimentar-se durante a sessão, mas não esqueça de hidratar-se.
Você já ouviu falar de índice glicêmico?
É um conceito muito importante em nutrição, que define a capacidade de um alimento de elevar a glicose sanguínea logo após ingerido.
Foi definido inicialmente para diabéticos, mas logo se viu sua utilidade para desportistas e para todos que querem uma alimentação saudável.
Comer alimentos com alto índice glicêmico antes do exercício é ruim, porque pode produzir hipoglicemia (baixar demais a glicose no sangue) e reduzir a queima de gorduras. Isto é particularmente ruim se o praticante de dança está também procurando emagrecer.
Usar a técnica para queimar calorias é uma ótima iniciativa, mas comer o alimento errado antes das aulas pode ser um erro estratégico.
Exemplos de alimentos com alto índice glicêmico são batatas, bolos, pão branco, refrigerantes e sorvetes.
Se compararmos, por exemplo, uma banana grande e uma fatia pequena de bolo de milho, ambas tem aproximadamente o mesmo valor calórico, mas a banana tem um índice glicêmico mais baixo, tornando-a uma opção mais saudável antes de dançar.
Se formos dançar por mais de uma hora e meia, em uma intensidade mais alta, carboidratos com índice glicêmico moderado e proteínas com pouca gordura são bem-vindos: iogurte desnatado, leite achocolatado, queijo branco, sanduíche de chester ou peito de peru ou até um ovo cozido são boas opções.
Coma de uma a duas horas antes do ensaio, aula ou apresentação.
Os alimentos líquidos também são excelentes para quem vai dançar, pois hidratam e são esvaziados rapidamente do estômago.
Uma boa opção antes de aulas ou ensaios são os iogurtes, as vitaminas com frutas e os shakes dietéticos (sem muito açúcar).
E os doces? Muita gente pensa que só porque vai gastar calorias dançando pode exagerar no doce.
O maior perigo é causar uma queda na glicose sanguínea. Paradoxal, não? Veja só o que acontece: ao ingerir doces, exigimos mais produção de insulina, que é o hormônio que joga a glicose para dentro das células, para que ela possa ser armazenada.
Ao iniciar o exercício, o pico de insulina somado ao esforço muscular vão gastar rapidamente a glicose que estava circulando no sangue, e nos sentiremos fracos, nauseados e com desempenho prejudicado.
Bem, mas sem pânico: estudos mostram que este efeito acontece com uma quantidade grande de doces, entre 15 e 120 minutos antes do exercício.
Um bombom pequeno, ingerido 5 a 10 minutos antes do exercício pode proporcionar a energia que você necessita, não é suficiente para causar hipoglicemia e pode deixá-lo mais feliz!
Por fim, é importante lembrar que a alimentação antes de dançar faz parte de um contexto de nutrição saudável todos os dias da semana, em todas as refeições, buscando um corpo saudável e apto a executar todos os movimentos que desejamos. Começar planejando a alimentação antes da aula pode ser um excelente estímulo para colocar toda a rotina neste ritmo. Quanto mais a dança nos dá prazer, mais desejamos aperfeiçoar o maravilhoso instrumento que é o nosso corpo. Passo a passo, vamos deixando a dança transformar a nossa alimentação, nossa saúde e toda a nossa vida!
Fonte:
Fotos: Ana Luz Crespi, Daniel Tortora e divulgação
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