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terça-feira, 17 de maio de 2011

Bailarina gorda


“Eu queria tanto dançar, mas sou gordinha...”


Que professora já não ouviu essa frase?


Novidade para as gordinhas, NÓS TAMBÉM FICAMOS LINDAS DANÇANDO!



Eu costumo dizer que toda mulher fica divina dançando e não é força de expressão, quando a dança é feita com o coração, carregada de paixão e sentimentos, a dançarina ganha um brilho diferente, ela fica envolvida por uma energia gostosa que contagia, deixa de ser importante o quanto ela pesa, mas sim o quanto ela se entrega àquele momento.


A gente cria estereótipos que nem sempre são o quadro real, por exemplo, quando eu pensava em capoeirista imaginava um negro sarado com cabelo rastafari jogando, aí conheci o mestre de capoeira do meu marido com uma barriguinha bem tratada à base de muita cerveja e que manda muito bem jogando.


Bom, aí você diz para a aluna que ela pode e DEVE dançar, que vai ser ótimo para ela pois todas estamos cansadas de saber os benefícios que a dança traz para nossa vida, ela se matricula, se dedica, rala na sala de aula e fora dela, tem qualidade de dança suficiente para acompanha-la nos eventos mas você não pode leva-la porque ela está acima do peso e isso nenhum contratante vai querer não é mesmo? Claro, o contratante tem na mente aquele estereótipo da bailarina com cinturinha de pilão, cabelão comprido, roupa brilhante e esvoaçante.


Ah ótimo, as gordinhas servem para se matar em sala de aula mas é uma ofensa para os olhos do público vê-las apresentar seu trabalho?


Ou pior, bailarinas profissionais tem obrigação de ser magras, de fazer dieta, de cuidar do visual minuciosamente para continuar alimentando a imaginação do público, outro estereótipo imbecil.

Eu acredito que existem milhares de tipos de profissionais e dizer que eles são bons ou ruins exige muito conhecimento do trabalho que eles executam, no caso das bailarinas dizer que elas não podem ser consideradas profissionais de verdade só porque estão acima do peso é, no mínimo, leviano.

Sou uma sanfona, vivo subindo e descendo na balança (mais subindo que descendo nos últimos tempos!), tenho uma tpm cruel que não pode ser sufocada com hormônios, meu apetite vive alterado graças a isso, doce é meu analgésico favorito nesse período e eu como messssssssmo.
Como toda mulher eu choro e me sinto uma balofa nesse período, me acho linda em um dia e horrorosa no outro, mas acho que bom humor é tudo na vida de uma pessoa, rir de si mesma e se divirtir com as dificuldades do dia-a-dia é muito saudável.


As deusas magras e siliconadas podem ser lindas dançando mas deixam na maioria das mulheres que assistem uma sensação de “nunca vou ser assim”, acabam sendo vistas como mitos e não como mulheres reais e ficam ali em um pedestal tão alto que nem ousamos tentar alcançar.


“o que você faria com alguns quilos a menos???”
Faz diferença? Ser magra, ser gordinha, desde que sua saúde esteja em ordem e você seja feliz, o que importa? Difícil é ser feliz gordinha em um mundo onde nos enfiam goela abaixo modelos de magreza e felicidade a serem seguidos. Cansei de ouvir casos de mulheres que fazem redução de estômago, perdem muiiiiiitos quilos e continuam infelizes, frustradas e problemáticas.


É péssimo sim ver alguns olhares de “se enxerga sua gorda, volta para casa e faz um regime” quando se está dançando, de ser julgada por seu peso antes mesmo de que se possa apreciar sua arte, nem todo mundo tem estrutura psicológica para isso mas sair dos padrões tem suas vantagens e se você se aventurar vai poder colher os frutos de ser você mesma.



Seja você gorda, magra, alta, baixa... seja como for, você sempre pode e deve dançar se assim o desejar, seja amadora ou profissional você sempre terá seu espaço.

Talvez eu ainda viva para ver um mundo onde ser sarada e siliconada seja tão "jacu" quanto usar roupa do avesso, as tendências mudam não é mesmo? Bem que ia ser divertido!


(dospassosdabailarina)

3 comentários:

  1. Estava pesquisando sobre o tema e me esbarrei em seu blog.
    Meu sonho é aprender Ballet. Eu não pretendo ser profissional na coisa, mas quero aprender porque acho a arte linda!
    Porém, sou gordinha. rsrs
    É exatamente isso que eu procurava no site de busca. Embora seu ponto de vista tenha me ajudado a auto-estima, eu ainda sinto receio de me matricular nas aulas.
    Tenho coxas grossas, sou velha e gordinha.
    Seria muito ridículo de minha parte, não seria?

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    Respostas
    1. Não mesmo, eu sou profissional. Ganho dinheiro da minha arte e meus quilos a mais nunca me empataram de dançar.

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