Hoje em dia vemos muitas escolas de Ballet que por um grito desesperador de não perder alunos colocam eles na ponta precocemente (ou sem idade adequada ou sem nível suficiente de Ballet para isso).
A grande maioria são profissionais inexperientes e desqualificados, 90% formados em Educação Física apenas e sem ter a formação em Ballet. Se preocupam tanto com a didática pq são professores, que se esquecem da técnica e da formação muscular que o aluno precisa ter antes de receber as tão sonhadas sapatilhas.
E isso logicamente vai causar muitos danos físicos a alunos ingênuos que acham que Ballet só é Ballet se dança na ponta. É uma triste realidade, mas é o que mais vemos e ouvimos por aí.
vídeo: a idade ideal para se usar sapatilhas de ponta!
Lesões causadas pelo Ballet - sobre o uso indevido das pontas:
O Ballet Clássico vem se desenvolvendo ao longo do tempo e sendo considerado como a base precursora para muitas das modalidades em dança, que se utilizaram de sua base técnica e estrutural, e mesmo aquelas surgidas em sua contestação ideológica.
Para sua pratica, as bailarinas clássicas utilizam em seus treinos e apresentações calçados específicos denominados sapatilhas, que podem ser de ponta e meia-ponta.
As de Ponta são confeccionadas em cetim, papéis especiais, palmilhas flexíveis e cola (PICON, 2004).
e não gesso como muitos pensam...
Já as de meia ponta são confeccionadas em couro, lona, strech ou Korino.
As sapatilhas de ponta devem suportar o peso do corpo em base extremamente diminuída, para que isto ocorra, elas levam em sua estrutura uma palmilha rígida e uma gáspea (região onde os dedos são encaixados).
Picon (2004) cita que sapatilhas de ponta são particularmente desconfortáveis para os artelhos, pois estes devem se ajustar na gáspea e daí alcançar a completa flexão plantar, que é a posição em pontas.
Nesta especial construção, a flexão plantar é totalmente atingida, dedos, arcos plantares, e bordo anterior dos pés ficam comprimidos e formam as principais regiões de apoio e sustentação para a bailarina, o que requer um grande esforço neuro-muscular, fisiológico e ósseo, também mencionado por Amadio et al., 2000.
Visto estas considerações, um alto índice de lesões decorrentes da utilização precoce e inadequada de sapatilhas de ponta vem acometendo praticantes de Ballet Clássico, dentre as principais regiões estão: coluna vertebral, quadril, joelhos, tornozelos e pés (CAILLET, 1989; TUCKMAN; WERNER; BAYLEY, 1991 apud PICON, 2004);
Desenvolvimento de calosidades, alterações estruturais da organização dos ossos do pé, alterações dos arcos do pé, entorses de tornozelo, lesões capsulares e ligamentares, lesões de tendões e músculos, lesões nervosas, lesões de receptores articulares, tendinites, fascites plantares, luxações, artrose, esporões de calcâneo, alterações de sensibilidade, deformidades articulares, valgismo e/ou rigidez de hálux, são citados no estudo de Degani et al., 2003.
Em seu estudo de revisão, Khan et al., 1995 (apud PICON, 2003), traz uma completa lista de lesões que acometem bailarinas, dentre elas estão problemas na primeira articulação metatarsofalangeana, lesões nos sesamóides, fraturas por stress nos metatarsos, tendinite do flexor longo do hálux, síndrome do cubóide, dores crônicas na região do tendão calcâneo, dores na face anterior, medial e lateral da tíbia, síndrome da articulação patelofemoral, desordens do tendão patelar, problemas na articulação do quadril e problemas na coluna.
Muitas destas lesões ocorrem por stress de repetição (64% provocadas por microtraumatismos crônicos), como mencionam Hardaker e Moorman (1986).
Em conformidade com Bertoni, 1992 (apud BARCELLOS; IMBIRIBA, 2002), os pés não devem ser comprimidos, e sim preservar o posicionamento dos dedos entre si mantendo sua estruturação anatômica, possibilitando a elevação na ponta de modo a formar uma continuidade dos pés, pernas, tronco e cabeça.
Caso contrário haverá um comprometimento dos músculos e ligamentos envolvidos, alterando a estabilidade do arco plantar e conseqüentemente, incapacitação de movimentos, apoios e impulsos.
Um bailarino trabalhado de forma consciente e cuidadosa na parte técnica é um bailarino com maior probabilidade de apresentar alto rendimento em termos de performance além de um maior tempo de vida útil durante sua carreira, não somente no período profissional, mas desde sua iniciação na dança, momento este de suma importância na vida de um bailarino, pois compreende a fase de seu desenvolvimento, quando ocorrido na infância.
Os bailarinos recebem uma educação rigorosa no seu método da escola de dança, que começa quando eles são jovens, e termina com a graduação como se fosse um colégio.
Os alunos são obrigados a saber os nomes, significados e precisa ter a técnica de cada movimento que eles aprendem.
A técnica é colocada principalmente na parte inferior do corpo, especialmente as pernas, e no abdome, uma abdome forte é necessário para muitos movimentos do balé, especialmente voltas, e no desenvolvimento de flexibilidade e força dos pés e tornozelos para dançar com sapatilha de ponta.
A técnica do Ballet é tradicionalmente muito rigorosa, pois é considerado o ponto principal do treino de ballet.
Só quando as bailarinas tem força o bastante nos tornozelos e nos pés começam a usar sapatilhas de ponta enquanto os homens continuam a usar sapatos macios e aprender mais avançados saltos e curvas.
A idade em que as bailarinas começam o trabalho nas sapatilhas de ponta varia de aluna para aluna, dependendo de com quantos anos iniciou a técnica clássica, mas não antes dos 11 anos, pois é quando a musculatura já está totalmente adequada para a introdução da técnica de pontas.
Força é primordial para poder usar sapatilhas de ponta por longos períodos de tempo.
Quando a bailarina começa a usar a sapatilha de ponta prematuramente ou com formação insuficiente pode resultar em ferimentos graves e/ou deficiência em fases posteriores da vida.
Segundo Guimarães e Simas (2001), as lesões mais frequentes derivadas da prática do ballet são as de pé e tornozelo, seguido das de joelho e quadril. Os membros superiores são menos acometidos.
Essas lesões acontecem devido ao excesso de exercícios, repetições e graças ao uso incorreto e precoce da sapatilha de ponta.
Podem surgir joelhos elásticos ou para trás, em conseqüência de ligamentos distendidos.
Outras deformações ainda podem advir do uso precoce de pontas, com os pés em garra, ou seja, com os dedos encolhidos, como sugere o nome (GUIMARÃES; SIMAS, 2001).
A técnica do ballet aplicada de forma incorreta e precoce provoca lesões que, muitas vezes, acabam com a carreira da bailarina. Isto pode ocorrer quando se trabalha excessivamente um só movimento, principalmente na sapatilha de ponta (GUIMARÃES;SIMAS, 2001).
As características técnicas e estéticas do ballet levam a uma prática com movimentos nada anatômicos, conduzindo a bailarina clássica a um grupo de lesões: associadas a erros de técnica e de treinamento e ao uso indevido da sapatilha de ponta (GUIMARÃES, 2001).
Sobre as sapatilhas de Ponta:
Uma sapatilha de ponta não pode ser ajustada como um sapato de rua. Pois estes são ajustados de forma a ficar espaçosos e confortáveis, freqüentemente com "espaço para crescer". Isto é desastroso em uma sapatilha. Uma sapatilha de ponta deve ajustar o pé como uma boa luva de couro: ajustada, mas com suficiente espaço para permitir que os pés do bailarino deitem na superfície e trabalhem corretamente.
Deixe seu pé na ponta mas sem colocar o peso. Você deve ser capaz de beliscar 1/4 de polegada na parte superior do calcanhar, para assegurar que existe espaço suficiente para os dedões do pé quando subirem na ponta e quando estiver de pé. Se você pode colocar um dedo inteiro atrás do calcanhar é quase certamente muito grande. Se você não pode beliscar qualquer material é poque está muito pequeno.
A frente da sapatilha deve ser justa mas confortável, não tão apertada que apareçam protuberância de joanetes ou outras extremidade na parte dura da caixa. Com um ajuste perfeito a borda da parte dura da caixa não mostra protuberâncias pelo cetim. A sapatilha deve ser tão justa que será impossível deslizar um dedo na sapatilha para os lados ou para o topo do pé.
Se você sentir que seu pé está "indo muito longe", pode tentar uma altura de gáspea maior ou uma palmilha mais dura.
A pesquisa foi encontrada em alguns sites relacionados a Ballet.
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